sábado, janeiro 24

Preciso-te!




Sabes o que me perturba?! Claro que não. Mas eu digo. Sim, eu digo.

Perturba-me o raio de vida monótona que acarreto – todos os dias. Só à noite descanso este cansaço. Às vezes, nem isso.
Perturba-me o facto de não saber amar a única pessoa que eu realmente amo. Mãe. Amo-te!Perturba-me o meu irmão que, sempre que telefona, exige falar comigo. Hoje descaí, impaciente. Está ofendido, não me fala.
Perturba-me ter de partilhar o mesmo tecto com aquele ser vil que me odeia e que eu também odeio. Não vejo a hora de sair daqui.
Perturba-me aquele velho amor… que ainda me persegue – faz questão de me perseguir: já não te suporto! Desaparece.


Tu, sim… tu também me perturbas! Muito. Essa intermitente ligação que temos – até quando? Mas não é só isso, talvez nem seja realmente isso. É saber que há outras. Muitas, poucas. Não interessa. Existem. Eu sei – faço questão de saber ou fazem questão que eu saiba. Não é ciúme. É mais do que isso… e é isso que me perturba.
A minha vida – quase caio nova de tão velha. Tudo me perturba.
Apetece calar-me nos teus lábios. Agora, é só isso que me apetece. Preciso!

Posso?! Deixas?!

Que cansaço!

quarta-feira, janeiro 21

Espaços


"Em qualquer lugar existes.

Com outras pessoas, perto ou longe, no mesmo compasso de tempo.

Falho todas as adivinhas.

Tão suave e cruel este latejar que separa e aproxima os nossos
coraçoes."


segunda-feira, janeiro 19

Noise...



"I don't mind most of the time

But you push me so far inside"

sábado, janeiro 10

Sim, vai...



Fugiu-me o chão com as palavras – as mesmas que me estavam a servir de assento. Trespassam-me cóleras [muitas, muitas mesmo] frias e arrojadas por gritar – ah, como as quero gritar – e chorar.


Ah, não! Quanto absurdo! Não… Chorar não vou! As lágrimas que agora deito são de raiva, muita, de guerra – a guerra aqui não mata, abre fissuras.

Vou-as beber a todas, neste mesmo instante, que um dia hás-de tragar do mesmo sal – não por mim. Que depois destas não haverá mais gota salina que pingue por meus lábios - não por ti.

Pois isto vai acabar. Juro!... que vai.


Vou encher-me de livros e viver-lhes a existência: que isto passa, que tudo passa.

Amo-te...


- É a última vez que te vejo, não é?
- Hum?! Mas que raio de pergunta a tua.
Estava sentada a seu lado, despedindo-me do último cigarro antes de ir para casa.

- Chama-lhe… feeling!
Dei um riso miúdo e beijei-o. Mordeu-me o lábio.
- Vá, depois falamos.
Beijei-lhe novamente. Rápido e frio.
Agarrou-me pela mão, repentinamente. Virei-me.
- Amo-te! Muito.
- ‘Té logo. Adoro-te, hum! Sorri-lhe.

Amo-te Ainda lembro como me olhava: perdido, atormentado, sem aquele brilhozinho tão dele característico.
Tinha olhos castanhos, grandes no seu rosto magro. Lábios carnudos, não tanto: sabia-me sempre tão bem beijar-lhos! [A sua boca sabia a Halls de menta com trave a tabaco. Combinação perfeita!]. Tinha uma ligeira falha na sobrancelha direita, devido ao piercing que em tempos usara. Era alto. Corpo esguio, bem alinhado. Adorava-lhe as mãos e os braços tatuados. Eram grandes, cabia-lhe tão bem. As suas veias eram salientes: um ponto que me deslumbra. Lembro-me da tatuagem que tinha na mão: era tão diferente. Gostava.

Não, não era belo.
Ainda sei-lhe tão bem. E eu sei que ele também me sabe.
Amo-te… Nunca ninguém me olhou daquele jeito.
Eu sentia-o. Era verdadeiro, sabia-o e, talvez, ainda o sei. Ou sempre o soube. Amo-te…

Amasse-te eu também…

Eu penso nele. Quase todos os dias. Agora, todos os dias. Ele sim, é belo. Não sei, nunca lhe contornei o rosto nem tão pouco o corpo, mas é belo. Gosto da sua feição. Mas não me ama, como tu me amas. Nem [nunca] vai amar. Não como tu. Nem eu o amo, que não sei amar. Mas confesso que gostava de amar-lhe como nunca te amei. Não, não é gosto… é mesmo vontade. Que transcende qualquer razão, motivo ou explicação. Ele é meu, na minha pequena loucura. Gosto-lhe e ele sabe. Sei que sabe. Tu não sabes, nem precisas de saber. Só te ia magoar, causar frustração.
[Sim, ainda te lembro… Por vezes, até te choro. O teu cheiro inunda o meu corpo. Como me recordo. Como ainda sinto!].
Mas não te amo. Não!
Penso nele. Já é noite. Será que me liga?


Foi a última vez que o vi.

quinta-feira, janeiro 8

Até já!


Meditando sobre o silêncio sólido neste todo inconsistente.
São noites.
É um tormento estas não palavras.

Não é vontade fugir. Mas…

… Por quanto mais podemos ser algemas neste tempo?

Estou de rastos: vou dormir. Ligas-me antes d’eu adormecer, não ligas?!

Até já,

Meu Amor!