quarta-feira, agosto 27

Findados de um nós...

Não sei porquê, juro que não sei, mas não posso esconder a melancolia que se apoderou de mim quando li aquela mensagem … [Mais um tempo! Vais-te embora! ]Desta vez não seguimos as mesmas pegadas de sempre... Foi diferente! Mesmo hoje já não sou aquela que conheceste ou que sempre fui… Aquela louca que arriscava tudo. Sinto que mudei, mas também sinto que mudaste comigo! Somos cenários que se encaixam, mas que jamais passarão de simples “amantes” daquelas horas vagas!
Passamos bons momentos juntos, é verdade! Uns engraçados, outros íntimos, e todos eles arriscados. Mas nunca passamos de um beijo sem promessas, de um dar de mãos sem compromisso… o “nós” só existiu entre intermitências de paixões!
Ah, sim! Somos um fim inacabado! Um começo sem fim… Assim vamos continuar!
Mas, será sempre assim?! Não! É uma certeza! Quando encontrarmos um rumo em nossas vidas, tudo isso acabará… Seremos corpos que se acenam mas findados de um nós! Mas... Será mesmo?

Não sei mais o que pode brotar daqui… mas entre as feridas mansas que me acompanham, hoje, quero ficar por aqui…


 Um beijo, D.! :)

segunda-feira, agosto 25

Noite de nevoeiro...


Na chuva que cessa sinto-me cheia de cóleras húmidas. Saio! A noite pesa, quase esmaga! Não fossem aquelas vozes e violas a dar vida ao quase vazio que me rodeia.
Vejo-te entre a neblina que cobre a cidade; um cigarro na mão e gargalhadas entre amigos. Não te invejo nem tão pouco o riso, não! Hás-de beber do mesmo fel; o tempo nunca perdoa! O frio aperta e agora, nem uma luz penetra na névoa densa. De repente sozinho, caminhas entre rostos sem cara. Aceleras o teu passo por caminhos ao acaso. Agora chove! Parece não te afligir!
Passo por ti. Nem ousas olhar-me! Talvez nem me conheces. Quão ridículo! Ah! se já não te conhecesse a cobardia, hoje irremediavelmente, chorava; a perguntar-me por que indiferente segues de alma fria.
Foges! Nem tu sabes bem do quê. Interessa-te é fugir! Entre a correria cedes o teu olhar para o chão, reparas que as poças que pisas te tingem os pés de vermelho! Pareces assustado, estupefacto pelo terror que te rodeia. Um rio de sangue! Paras! Procuras uma resposta mas o silêncio é cortante. Olhas em redor! Rapidamente apercebeste que estás sozinho, que ninguém pisa o teu caminho! O medo cresce! Gritas! Mas o silêncio abafa o teu berro! Sentes o chão a abater-se sobre os teus pés.

Sim, amor… é sangue! É o sangue de todos os que calcaste no teu caminho. É o sangue de todos os que te eram indiferentes e que trilhaste sem dó…

A chuva agora cai intensamente… e parada estou, numa esquina qualquer. Vejo vultos entre o nevoeiro a correrem de um lado para o outro! Contudo, ainda ouço as tais violas… Words are flying out like endless rain into a paper cup é o som dos Beatles que agora se faz ouvir entre a chuva. Sorrio! Ignoro para onde foges enquanto te afogas no teu próprio rio, tu não sabes para onde vou. É a mudança! Sigo as vozes entre a escuridão… Nothing's gonna change my world…

quarta-feira, agosto 20

Tanto nada!


Ah! um quadro perfeito! Sim, fomos nós que o pintamos.
Ontem tínhamos tanto para dar: tu e eu!
Às vezes dizia-te: os teus olhos são barcos que flutuam sobre o seu próprio azul. Sorriamos! Aí, de mãos dadas, dançávamos nossos sonhos sob a orquestra do vento.
Sim! Isso era no tempo dos verdes paraísos.
No tempo em que os mares da minha lua estremeciam só de murmurar o teu nome.
No tempo em que realmente os teus olhos eram barcos… contudo, hoje são apenas uns olhos [tecidos de noite em luz do dia] como tantos outros.
Da água e vento que foste em mim [dentro de ti] já nada há que me sopre a sede.
Gastamos tudo!
Gastou-se o relógio em esperas inúteis.
Gastou-se as palavras em tão fugaz e branda ilusão.
Até o silêncio está gasto, que não posso eu com ele.
Só não estão gastos os olhos com o sal das lágrimas, pois mais vale um espinho enterrado no peito que a dor de uma lágrima até onde a vista alcance.

Tudo o que temos é tanto nada para dar.

terça-feira, agosto 19

Vezes demais…


Quanta mulher na tua vida, quanta!
Quantas bocas desfolhaste num beijo!
Quantos prazeres afagados entre lençóis e espumante!
Quantas vezes vadiaste em noites e cigarros!
Quanto pouco colheste e muito desprezaste!
Quantas vezes o teu olhar se pousou entre vírgulas e se perdeu!
Quantos sons te encontraram num misto de sonho e vinho!
Quantas vezes em segurança andaste quando tudo corria bem e recuaste quando não viste o horizonte!
Ai! Quantas…

Vezes demais serão sempre poucas para te odiares e me amares; te perderes e m’encontrares; te recordares… que o tempo foi nosso! E…
… eu vou com as aves, Amor!

A vida é um quanto e tanto.
A história repete-se!
É só um ponteiro parado no tempo.