sábado, janeiro 10

Amo-te...


- É a última vez que te vejo, não é?
- Hum?! Mas que raio de pergunta a tua.
Estava sentada a seu lado, despedindo-me do último cigarro antes de ir para casa.

- Chama-lhe… feeling!
Dei um riso miúdo e beijei-o. Mordeu-me o lábio.
- Vá, depois falamos.
Beijei-lhe novamente. Rápido e frio.
Agarrou-me pela mão, repentinamente. Virei-me.
- Amo-te! Muito.
- ‘Té logo. Adoro-te, hum! Sorri-lhe.

Amo-te Ainda lembro como me olhava: perdido, atormentado, sem aquele brilhozinho tão dele característico.
Tinha olhos castanhos, grandes no seu rosto magro. Lábios carnudos, não tanto: sabia-me sempre tão bem beijar-lhos! [A sua boca sabia a Halls de menta com trave a tabaco. Combinação perfeita!]. Tinha uma ligeira falha na sobrancelha direita, devido ao piercing que em tempos usara. Era alto. Corpo esguio, bem alinhado. Adorava-lhe as mãos e os braços tatuados. Eram grandes, cabia-lhe tão bem. As suas veias eram salientes: um ponto que me deslumbra. Lembro-me da tatuagem que tinha na mão: era tão diferente. Gostava.

Não, não era belo.
Ainda sei-lhe tão bem. E eu sei que ele também me sabe.
Amo-te… Nunca ninguém me olhou daquele jeito.
Eu sentia-o. Era verdadeiro, sabia-o e, talvez, ainda o sei. Ou sempre o soube. Amo-te…

Amasse-te eu também…

Eu penso nele. Quase todos os dias. Agora, todos os dias. Ele sim, é belo. Não sei, nunca lhe contornei o rosto nem tão pouco o corpo, mas é belo. Gosto da sua feição. Mas não me ama, como tu me amas. Nem [nunca] vai amar. Não como tu. Nem eu o amo, que não sei amar. Mas confesso que gostava de amar-lhe como nunca te amei. Não, não é gosto… é mesmo vontade. Que transcende qualquer razão, motivo ou explicação. Ele é meu, na minha pequena loucura. Gosto-lhe e ele sabe. Sei que sabe. Tu não sabes, nem precisas de saber. Só te ia magoar, causar frustração.
[Sim, ainda te lembro… Por vezes, até te choro. O teu cheiro inunda o meu corpo. Como me recordo. Como ainda sinto!].
Mas não te amo. Não!
Penso nele. Já é noite. Será que me liga?


Foi a última vez que o vi.

4 comentários:

disse...

entendo essa frustração!

conseguiste relembrarma! =/

disse...

Não sei se te agradeço por me fazeres lembrar, se te condeno!
À muito tempo que não me lembrava disto, e levantou em mim um pequeno desconforto, uma nostalgia que quando ainda se podia ter tomado a decisão certa!

tens razão, não neste tempo....

Anónimo disse...

é esse "ele" q me falta.. quem?

Zulbreth disse...

Gostei.. ;)