segunda-feira, agosto 25

Noite de nevoeiro...


Na chuva que cessa sinto-me cheia de cóleras húmidas. Saio! A noite pesa, quase esmaga! Não fossem aquelas vozes e violas a dar vida ao quase vazio que me rodeia.
Vejo-te entre a neblina que cobre a cidade; um cigarro na mão e gargalhadas entre amigos. Não te invejo nem tão pouco o riso, não! Hás-de beber do mesmo fel; o tempo nunca perdoa! O frio aperta e agora, nem uma luz penetra na névoa densa. De repente sozinho, caminhas entre rostos sem cara. Aceleras o teu passo por caminhos ao acaso. Agora chove! Parece não te afligir!
Passo por ti. Nem ousas olhar-me! Talvez nem me conheces. Quão ridículo! Ah! se já não te conhecesse a cobardia, hoje irremediavelmente, chorava; a perguntar-me por que indiferente segues de alma fria.
Foges! Nem tu sabes bem do quê. Interessa-te é fugir! Entre a correria cedes o teu olhar para o chão, reparas que as poças que pisas te tingem os pés de vermelho! Pareces assustado, estupefacto pelo terror que te rodeia. Um rio de sangue! Paras! Procuras uma resposta mas o silêncio é cortante. Olhas em redor! Rapidamente apercebeste que estás sozinho, que ninguém pisa o teu caminho! O medo cresce! Gritas! Mas o silêncio abafa o teu berro! Sentes o chão a abater-se sobre os teus pés.

Sim, amor… é sangue! É o sangue de todos os que calcaste no teu caminho. É o sangue de todos os que te eram indiferentes e que trilhaste sem dó…

A chuva agora cai intensamente… e parada estou, numa esquina qualquer. Vejo vultos entre o nevoeiro a correrem de um lado para o outro! Contudo, ainda ouço as tais violas… Words are flying out like endless rain into a paper cup é o som dos Beatles que agora se faz ouvir entre a chuva. Sorrio! Ignoro para onde foges enquanto te afogas no teu próprio rio, tu não sabes para onde vou. É a mudança! Sigo as vozes entre a escuridão… Nothing's gonna change my world…

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